quinta-feira, 23 de maio de 2013

A humanização dos sete pecados capitais – soberba

Ele era um empresário muito bem sucedido mas envergonhava-se disso! Escondia sua boa condição financeira atrás de roupas baratas e um carro modesto. Elton acreditava que assumir sua fortuna humilharia as pessoas menos favorecidas.

- Fui educado assim! Dizia o homem de 46 anos. Meu pai ensinou que o trabalho enobrece e os humildes são os que mais trabalham!
- Como seu pai ganhava a vida?
- Era médico, clínico geral no município mineiro de Caxambu.
- Conheço essa cidade. É um lugar pacato e amistoso. Como ele era visto na comunidade?
- Ele era praticamente o único médico na região e muito valorizado pelas pessoas. Tinha tudo para ser arrogante mas dizia às pessoas que era pobre e que apenas se esforçava para fazer um bom trabalho.
- A humildade de seu pai era bem vinda à população e ele, certamente, não pecava pela soberba mas eu, particularmente, prezo mais pela simplicidade do que pela humildade.
 
Elton, confuso, parece tentar compreender o que acabei de dizer. O efeito das palavras, seus significados e implicações devem ser ricamente explorados em terapia.
Soberba é a pretensão de superioridade sobre as demais pessoas e carrega manifestações de arrogância, ou seja, o "soberbo" se acha. As pessoas simples não têm essa pretensão. Elas não querem ser mais do que são e, nem menos. Uma pessoa rica, inteligente, bonita será simples admitindo suas virtudes e vivendo simplesmente delas. Pessoas assim, assumem seus valores e não despejam arrogância, afinal, elas são simplesmente assim.

Um amigo, assim que terminou a palestra que acabara de proferir, ouviu de uma pessoa da platéia que ele foi arrogante enquanto falava. Meu amigo palestrante ouviu a crítica e refletiu por alguns instantes antes de responder:

- Obrigado pela sua opinião mas não sou arrogante! Ser arrogante, neste caso, seria achar que sei mais do que os outros mas eu, sinceramente, acredito que saiba mesmo.
Se meu amigo disse isso para se elevar, ele agiu com soberba mas, caso tenha dito porque acredita, de fato, que tem conteúdo mais elaborado que sua platéia, ele foi simples.

A humildade não é simples, ela nos inferioriza e nos coloca abaixo da realidade. Ser humilde pode ser virtude em determinadas ocasiões, apenas, mas esse é outro assunto...
Elton, em razão da humildade, perdia ótimas oportunidades de negócios. Sabotava a si mesmo para não aumentar sua conta bancária.
Aquele homem libertou-se do autopreconceito em relação à sua fortuna. Isso não o deixou mais rico mas, trouxe-lhe leveza de consciência e melhor desfrute da própria vida.
 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A humanização dos sete pecados capitais – Inveja

A inveja, talvez, seja uma dos sentimentos mais comuns, afinal, invejar é desejar aquilo que o outro tem e ou ser aquilo que o outro é mas, não é só isso! Ela agrupa o desejo de que o outro não tenha mais aquele bem e ou adjetivação. Existe uma espécie de desejo de destruição na inveja. Por isso, ela é tão inconfessável.

Pode-se perceber que a inveja relaciona-se diretamente com a soberba na medida em que a posse de coisas ou títulos engrandece os detentores. Se eu tenho o melhor dos carros e, você também possui um, eu não me sinto grandiosos e fico frustrado. É necessário que apenas eu possua aquilo! Quando você possui e eu não, começa a inveja, ou seja, quero ter e quero que você não tenha.


Mulheres costumam ser invejosas!
- Que bolsa maravilhosa! Onde comprou? Quanto custou? (assim elas falam às "amigas")
... Queria eu ter comprado uma destas para mim, que raiva que ela tem e eu não! (é o que pensam secretamente).
O comentário "que bolsa maravilhosa" guarda em si, assumidamente, o desejo de possuir. "Onde comprou" é a pergunta complementar que nem sempre aguarda respostas tão fiéis e, ainda, prepara para a próxima pergunta: ‘quanto custou" que, esta sim, é maliciosa pois, mede a distância entre uma e outra mulher: se o preço for modesto, ameniza a inveja mas, se o custo da bolsa for algo acima das posses da segunda, instala-se a destrutividade invejosa.

Obviamente que a inveja não é exclusividade feminina mas, em razão dos formatos sociais que vivem as mulheres, é entre elas que se faz muito presente. Explico: as mulheres no século XXI são extremamente competitivas e, exatamente por essa razão ficam inseguras. Os estereótipos da mulher moderna são transmitidos de maneira sutil e sedutora: corpo magro e jovial, carreira de sucesso, boa esposa, mãe, amiga, aslém da bolsa, é claro... Elas precisam de muitas dessas coisas para estabelecer a paz com a autoestima.

Para aniquilar a inveja eu preciso não querer aquilo que o outro possui ou, quando não for possível abster-se do desejo, ficar feliz pelo semelhante possuir e desfrutar de seus bens para si. Difícil ficar feliz pela satisfação alheia?